Praticando o desapego
Embora as pessoas reclamem com imensa frequência daquilo que
não possuem, existe outra questão que merece toda a nossa atenção: aquilo que
possuímos em excesso. Aliás, os excessos costumam ser mais prejudiciais que as
faltas, mas demoram mais para serem percebidos. As faltas nós notamos
imediatamente, os excessos só quando despertam a nossa consciência.
Comemos em excesso, trabalhamos em excesso, guardamos coisas
em excesso, nos importamos em excesso com a opinião dos outros... Há um excesso
de preocupações e acúmulo de “gorduras” em diversas áreas de nossas vidas.
Em geral, possuímos mais do que necessitamos para ser feliz,
mas continuamos insistindo na desculpa de que não somos felizes porque nos
falta alguma coisa. E de fato falta: falta assumirmos um estilo de vida mais
franco, sincero e liberto.
Tudo o que temos em excesso demanda tempo e energia para ser
administrado. Roupas demais, CDs demais, bagunça demais, lembranças demais
(fique com as que valem a pena), compromissos demais, pressa demais.
Todos nos beneficiaremos com a prática de determinado nível
de minimalismo (sem excessos, porque isso também pode ser demais). Podemos
reinventar nossa maneira de viver para viver com o necessário.
Não precisa ser o mínimo necessário, pode haver algumas
sobras, mas sem os exageros de costume.
Viver melhor com menos. Isso traz uma sensação de leveza e
felicidade tão maravilhosa que todos devemos, ao menos, experimentar. Na melhor
das hipóteses, aprendemos e adotamos um novo estilo de vida. Quem está em
processo de mudança, reconhece rápido o quanto acumulou de coisas em excesso, e
aprende que pode viver tão bem, ou melhor, com muito menos!
Liberte-se dos excessos de todo o tipo: excesso de
informação (aliás, muita coisa é só ruído, nem mereceria sua atenção); excesso
de produtos e serviços (consumismo é uma válvula de escape para não olharmos
para nossa própria existência e para o vazio que buscamos inutilmente preencher
com compras); excesso de relacionamentos (nem todos valem a pena, não é
verdade?).
Viva mais com menos, experimente algum nível de minimalismo.
Permita-se sentir-se livre dos acúmulos e excessos.
Nada é mais gratificante que a liberdade, a sensação de que
você se basta sem precisar de um arsenal de coisas, sons e cores a seu redor.
Dedique-se a experimentar essa libertadora sensação. Quem sabe viver com pouco,
sempre saberá viver em quaisquer situações, mas aqueles que só sabem viver com
muito, nas mínimas provações e ausências sofrem e se desesperam. Esses últimos
se confundiram com seus excessos... e na falta deles, não se reconhecem.
Nunca sabemos se viveremos com o que temos, com mais ou
menos no dia de amanhã, mas se aprendermos a viver com o que é essencial,
viveremos sempre bem.
Todo excesso é energia acumulada em local inapropriado,
estagnando o fluxo da vida. Excesso de excessos corresponde à falta de si
mesmo. E se o que te falta é você, nada poderá preencher esse vazio...
Comentários
Postar um comentário